É uma linha tão suave, coisa fragilíssima
De aparência leve como uma seda de aranha,
E queria o meu coração e alma poder
Agarrar esse ar em que se move, e
Até mudar o seu elemento físico.
Nesta câmara em que bate, como se de
Encontro às paredes, em loucura fosse,
Antecipo um temor, vejo uma memória,
Saio em desequilíbrio desse contacto...
Dou um passo atrás, busco últimos saberes,
Esperança de uma redenção, esperança...
Daquele lugar onde vou sentir à luz
Os teus abraços, e os beijos apaziguadores
Que a pintura do meu amor só tem ainda inscrita,
Em esboços rudes, e rasgões na tela por remendar.
Darei outro passo atrás? Valerá a pena?
Valerá?
Entrar nesse caminho, tão certo ao início,
Para ser testemunha de clareiras desbastadas,
Uma desilusão visual que o cheiro
Apenas traz à memória o que
Está ausente em pletinude..
Quando toco o fio de seda, a aranha
Denota essa invasão...
A teia deixa de ser uma armadilha... Agarro-a com os dedos...
A aranha tem um novo trabalho pela frente...
Sem tocar nessa seda o meu amor não é consumado.
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