Mensagens

 É uma linha tão suave, coisa fragilíssima De aparência leve como uma seda de aranha, E queria o meu coração e alma poder Agarrar esse ar em que se move, e Até mudar o seu elemento físico. Nesta câmara em que bate, como se de Encontro às paredes, em loucura fosse, Antecipo um temor, vejo uma memória,  Saio em desequilíbrio desse contacto... Dou um passo atrás, busco últimos saberes, Esperança de uma redenção, esperança... Daquele lugar onde vou sentir à luz Os teus abraços, e os beijos apaziguadores  Que a pintura do meu amor só tem ainda inscrita, Em esboços rudes, e rasgões na tela por remendar. Darei outro passo atrás? Valerá a pena? Valerá?  Entrar nesse caminho, tão certo ao início,  Para ser testemunha de clareiras desbastadas, Uma desilusão visual que o cheiro Apenas traz à memória o que Está ausente em pletinude.. Quando toco o fio de seda, a aranha Denota essa invasão... A teia deixa de ser uma armadilha... Agarro-a com os dedos...  A aranha tem um novo trabalho pela frente...
Dez anos depois Esqueci quase tudo O que sabia sobre poesia. Não me dava conta,  Que as ideias pairam Sobre fios de seda, E que se se lhes toca Tudo se desmorona,  Desaparece. A poesia... Auscultando o que se extinguiu  subitamente no ar... O rasto quase invisível, isso é que convém olhar.
Enquanto me acrescento idade, o meu coração cresce de conhecimento. Verifico que é cada vez mais difícil enganá-lo. A descoberta não será grande para a maior parte de vós... para mim é uma certeza que tem cheiro de descoberta recente... com cheiro das primeiras marés do tempo frio, nos ares molhados de praias nubladas... Tenho abandonado a escrita nestes meses, porque, para além de experiências que têm sido fonte de matéria de destilação de sonhos e frustrações, não me tenho sentido capaz de expressar em poesia aquilo que me perturbou ou encantou mais. Pensei até terminar este blog, contudo sei que existem alguns assíduos curiosos sobre os conteúdos que aqui publico, e o meu respeito por essas individualidades me manteve até agora dedicado a isto... Lamento é não me sentir com a capacidade de os preencher satisfatoriamente com matérias que no fundo, desejo como objectivo único e maior, os possam pôr a sonhar mais, pelas imagens e emoções que faço associar. Aqui fica, para vós, o meu pe
As palavras que li em todas as páginas, não me confidenciavam tanto como os teus olhos, sem o quereres. Sem gralhas e erros, de uma métrica perfeita, vi já muito escrito sem que me demovesse da minha rigidez habitual... que julguei natural... Para além das horas que agora correm, e só se demoram quando pactuamos com beijos, lembro mais o teu sorrir do que qualquer mineral raro e lapidado, ultrapassando-o nos padrões da pureza e potencial para deslumbrar. Já hoje te disse que podéramos percorrer toda a terra do Mundo, sem sentir os pés nela presos, mas que flutuáramos antes, depois de confissões arejadas nos horizontes violeta quando o dia começava ou terminava? Digo-te agora: quanto te amara!...
Queria mais alegria, em beijos desenhada. Queria a cama desfeita de paixão, e a carne mais tacteada, O sopro mais ofegante, e a poesia mais celebrada. A noite contigo devia ser mais sonora. Apesar dos dias luminosos E da arte que revisito sempre Já não faço magia como antes E ela (arte) já não mora comigo Ou em qualquer lugar vivo (o museu é frio, acinzentado... trago folhetos explicativos quando já sei que não guardarei nada do que senti nas horas ali largadas). Se tenho música sempre em mim É para que sintas que há ar desanuviado, Se te sufocara já a minha insatisfação. Chove no tempo, na rua, No mar... E cá por dentro Limpa todo o chão Que fora debulhado...
As horas que espero as horas em que chove as horas movimentadas todas são horas de sossego quando estás perto quando estás longe porque estás comigo porque já és parte de mim e no passado ninguém toca como tinta indelével, negra como a da China, traços da memória, moldada a ser divina. Na nudez dançamos, com a calma que era primordial, antes do frio que é superficial, que reclama roupa artificial, que nos afasta do principal... amor... amor... Escutamos a música dessa dança pausada. As mãos defendem os movimentos que incitam os corpos a seguir o metrónomo interior e compondo a nossa obra meio dançada, meio tocada, vamos sentindo a noite espalhada, pelo brilho que vemos na superfície desses nossos olhos macerados da paixão ou do amor... amor... Nunca da ilusão. Longe da ilusão...
Estou quase adormecido E sustém-me agora lembrar o teu sorriso E imaginar uma casa em que vivamos, Onde me possas mostrar muitos sorrisos como esse, e eu Espontaneamente, Sorrindo também, Te mostre que o nosso amor é bonito, Tão belo que o não tem mais ninguém; Dividiremos frescuras nos ares libertos da manhã, E sustentar-nos-emos com olhares de espanto, E gestos de conforto; Depois os beijos demorados, Amolecerão ainda mais as horas... Veremos então que será tarde, E que é já outra a luz que vem do céu, Mas sentiremos, apaixonados Que o que importa mesmo, É sempre, tu seres tu, E eu, ser eu...