O ter-te longe, é uma sala
com cores pálidas, numa tarde adormecida,
com sombras de árvores do jardim nas paredes
brancas desejosas de vozes rindo
entre elas...;
É um piano negligenciado,
e um gato que se deixa apanhar
na moleza dessas tardes solitárias...
É um andar por um jardim plantando
flores como marcadores das estações que
vão ocorrendo, numa tentativa de
nos situarmos nesse tempo,
enquanto dentro só vivemos no
eterno Outono das últimas energias
solares antes de tudo repousar
em gelo... mas é Outono, de vermelhos
apaixonados, e resquícios de
calor nos bancos de madeira ensolarados...
A esperança não tem cor
das estações, porque nenhuma estação
se reveste apenas de preto ou branco,
e o tudo ou nada, nem parece
existir no real...

Guardo então apenas o
Outono essencial...

O fôlego último das árvores, e os últimos
brilhos nas águas dos lagos movimentados
das aves prontas a partir... a despedida
que não se podia adiar... a roda...
o samsara...
Guardei
esta estação do ano, porque nela a natureza
me imprimiu uma promessa:
“Supera o gelo que aí vem!... Haverá uma
Primavera para prosperar!...”

Foi o beijo que me deu...
Hibernar??

Crescer,
desprender-me,
sonhar...

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